A arquitectura é ainda subestimada, e é-o principalmente pelo arquitecto, agarrado à certeza do fundamento disciplinar. Neste contexto, revela-se fulcral a noção de poder. Que poder é este que o arquitecto detém, e de que modo é que se inscreve aquilo que se deseja inscrito?
Sabemos que na maioria dos casos a obra surge como um produto linear e final, expressão de encontros mais ou menos complexos que resultam numa edificação que é martelada à força como uma estaca na terra. O poder é algo que se tem (para criar ou mandar fazer) e que inscreve a imagem congelada de quem o detém num território vazio e sem força.
Ignora-se quase sempre a realidade temporal da arquitectura, e o arquitecto – imaginando-se detentor de um qualquer poder de determinação e estruturação do futuro – projecta assim no tempo do segmento, homogéneo e extensivo, tempo esse que, destituído do seu Ser, se resume a uma colecção de retalhos do mundo, mais ou menos interligados.
(Suspeitamos, de qualquer forma, que o acontecer da arquitectura, apesar de inscrito pelos mais variados ideais, nunca se reconheceu por completo nos propósitos que o originaram. Mais que isso, sempre os complicou.) Mas recomecemos.
Gratuito
Opúsculos:
n.º 3
Dimensões:
16 p., 15,0×22,5 cm
Edição:
Dafne Editora
Data:
Março de 2007
DL:
246357/06
ISSN:
1646-5253
Design:
Manuel Granja