Quem não desenhou uma capoeira? Mas se a galinha ou o ovo são especiais, como fazê-lo?
«Se todas as outras personagens são a representação (a palavra escrita, quer se queira ou não, é uma representação tal como o desenho) de pessoas banais, comuns, que habitam os espaços das nossas cidades, dos nossos edifícios, dos nossos vazios, o ovo e uma galinha, fazendo parte, por vezes, do nosso quotidiano, na frigideira ou no forno do fogão, não nos obrigam a pensar sobre o espaço ou sobre a arquitectura. Com certeza, estes também não são um ovo e uma galinha quaisquer (…). Poderá pensar-se, até, que é absurdo pensar sobre arquitectura a partir da história de um ovo e de uma galinha. A ficção, no entanto, tudo permite. É um mecanismo que testa o próprio limite das palavras como símbolos. Como diz Louise Bourgeois, “as palavras interligadas podem revelar novas relações… uma nova visão sobre as coisas”. Em arquitectura, também. Nunca podendo igualar o espaço tal como existe, as palavras sobre o espaço podem desencadear novos espaços, mesmo que permaneçam, para sempre, nas palavras, no pensamento. Aqui.»
Este opúsculo escreve-se a partir de dois contos da autora brasileira Clarice Lispector, «Uma Galinha», in Laços de Família. Lisboa: Relógio d’Água, s.d., pp. 27-29. Clarice Lispector, «O Ovo e a Galinha», in Contos. Lisboa: Relógio d’Água, 2006, pp. 46-54.
Gratuito
Opúsculos:
n.º 8
Dimensões:
16 p., 15,0×22,5 cm
Edição:
Dafne Editora
Data:
Novembro de 2007
DL:
246357/06
ISSN:
1646-5253
Design:
Manuel Granja