Reinventar criticamente o retiro de Le Corbusier sugere a invenção de uma plataforma para acolher múltiplas aspirações.
«Trata-se de uma simples cabana de madeira construída na costa de Cap-Martin para residência de férias de Le Corbusier (LC), nos anos 1950/51/52. Ainda que à primeira vista um olhar (bastante) desatento o pudesse confundir com uma construção anónima, ou com um acto de contenção de recursos, o Cabanon é uma pequena obra erguida para o próprio LC no momento áureo do segundo pós-guerra. Estava-se no início da reconstrução e desenvolvimento de França, numa fase de encomenda pública volumosa e de projectos de grande escala, na afirmação definitiva da carreira do “Mestre Modernista”. É surpreendente constatar que, por volta da data em que construiu o pequeno Cabanon, LC estava envolvido nalguns dos projectos mais marcantes da sua obra: terminava a Unité de Habitación de Marselha e iniciava os desenhos da mítica igreja de Ronchamp. Simultaneamente, apresentava os também famosos desenhos da escultura La Main Ouverte, iniciava os planos da cidade de Chandigarh, publicava o livro Modulor I e expunha no MoMA em Nova Iorque.»
Este texto tem dupla proveniência. No aspecto prático, é editado a partir da folha de sala que acompanhou a instalação inaugural do Petit Cabanon, um espaço independente dedicado à arquitectura e cultura visual, na Rua de Miguel Bombarda, no Porto (www.petitcabanon.blogspot.com). No campo teórico, é parte do primeiro capítulo de uma tese de doutoramento em Curatorial/Knowledge no Goldsmiths College, University of London, em curso, com o apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
Gratuito
Opúsculos:
n.º 7
Dimensões:
20 p., 15,0×22,5 cm
Edição:
Dafne Editora
Data:
Setembro de 2007
DL:
246357/06
ISSN:
1646-5253
Design:
Manuel Granja