Trás-os-Montes
Pedro Costa, Vítor Gonçalves e António Belém Lima
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António Belém Lima Creio que este filme é um filme nostálgico, o que é perigoso, ou pelo menos problemático, quando precisamos de ser fortes e de perceber a actualidade, que é complexa. Mas isso não tem a ver com o facto, como o filme magistralmente mostra, de cada um ter um início e de o início se constituir de todas as experiências, desde aquelas brincadeiras no rio a partir o gelo… É assim que se constrói a nossa atitude de relação com as coisas. É evidente, o miúdo de Trás-os-Montes tem um ambiente, o de Lisboa tem outro, mas há muita coisa de fundacional, e de fundamental, que é semelhante e, diria, anterior a nós. Isto não significa que a arquitectura que vamos fazer hoje tenha de carregar mimeticamente estas experiências, mas também já vimos como o filão do positivismo se esgotou…
(…)
João Bénard da Costa (…) Estou de acordo consigo, não vejo tristeza. Nostalgia sim, a nostalgia dos realizadores. Aí, sim, acho-o muito nostálgico, no sentido de uma coisa que está a desaparecer e que se vai perder, vai perder-se aquilo que ainda está ali e que eles foram os últimos a filmar. Hoje já não é possível fazer este filme. Só era possível fazer o filme com outra gente, noutro sítio: uma história escrita. Não era possível ir aos sítios e filmar com as pessoas.
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Gratuito
O Lugar dos Ricos e dos Pobres:
n.º 5
Dimensões:
26 p., 15,0×22,5 cm
Edição:
Dafne Editora
Data:
Maio de 2014
Design:
João Guedes/Dobra